Capitulo 15

- Karen, eu realmente nao quero saber de Luan agora

   Saí correndo pro elevador, entrei no carro, e fui logo pra casa do Arthur

- Boa noite - disse pois todos estavam na sala ( Menos o Arthur )
- Ooi Mel, ainda bem que voce chegou
- Aconteceu alguma coisa?
- O Arthur nao quer tomar os remedios pra dor
- Onde estao?
- Aqui

   Peguei os remedios e subi, bati na porta, e entrei devagar. Encontrei ele se olhando no espelho

- Oi meu amor - disse abraçando ele por tras, ficamos nos olhando atraves do espelho
- Como eu to magro...
- Voce ta lindo, voce é lindo
- Nao Mel, nao era lindo, por que quem morre nao fica lindo, nao foi lindo, quem morre, morre.
- Nao fala isso por favor
- É a verdade
- Voce nunca vai morrer pra mim
- Eu nunca vou te deixar sozinha Mel
- Nunca deixe. Agora por favor eu trouxe esses remedios
- Nao vou tomar - ele disse deitando na cama, e se embrulhando
- Amor voce tem que tomar, sao pras dores
- Nao Mel, eles fazem com que fique bocó, e faça xixi na cama
- E dai?
- Eu nao quero ficar assim perto de voce, eu sou um homem de 23 anos, eu nao quero fazer xixi na cama na frente da minha namorada, nao
- Arthur qual é, eu conheço voce desde sempre, vergonha? Ah nao, toma por favor, voce nao pode sentir dor, por mim
- Por favor Mel, nao
- Por favor Arthur - sentei perto dele e o beijei - Por mim, toma

   Ele ficou me olhando, e depois bebeu os remedios.

- Agora eu vou só tomar banho, e jaja volto pra deitar com voce - dise levantando
- Nao! Me beija antes, quando voce voltar eu vou estar dormindo

   Sentei do lado dele, e nós ficamos nos beijando, ate que ele ficou muito cansado, eu desci avisei a todos que ele tinha tomado o remedio, e depois fui tomar banho. Quando saí do banho, ele ja estava dormindo, tao lindo, meu principe. Vesti meu pijama, e deitei do ladinho dele, dei um beijinho nele e susurrei
- Te amo Thur

     Agarrei no sono, pois estava mega cansada

  DE MADRUGADA eu senti uma coisa molhada tomando de conta da cama, foi ae que eu lembrei e levantei rapido. Virei pro Arthur, e ele tava babando, tirei o lençol e a cama estava toda tomada pelo xixi

- Ai droga - efeitos dos remedios. Fui no armario dele, peguei uma rede grande, armei, e pedi força  á Deus pra conseguir tirar aquele enorme homem dali. Depois de meia hora tentando, eu consegui colocar ele na rede, coloquei o lençol em volta dele, direitinho, e me sentei na poltrona. E assim foi a minha noite, no escuro, olhando pra ele, com medo dele se engasgar, ou cair da rede, passei a noite toda com o olho aberto, sentada em uma poltrona nao muito grande.

                                                    ...

- Mel, Mel? - ouvi alguem me chamar, abri meus olhos
- Droga eu dormi. Cade o Arthur? - disse ja despertando
- Calma, calma. O Arthur foi no cemiterio com o pai dele
- No cemiterio?
- Sim. Ele... ele foi escolher o seu lugar...
- Ai meu Deus - sentei na poltrona esfregando meu rosto
- Voce ta cansada ne
- Nao dormi, quer dizer, um pouco
- Tudo bem. Eu ja mandei trocar o colchão, se voce quiser voce pode dormir, o cholchao ta novinho
- Nao dona Angela, eu preciso escrever umas coisas pro Arthur e... ele precisa de mim quando chegar, e ainda tem o...
- Mel calma, voce ta morta de cansada, eu, o pai dele, a irmã dele, estamos aqui, nao se preocupe, durma um pouco
- Ta, ta certo

  Levantei e me deitei, dona Angela arrumou o lençol em mim

- Todo dia agradeço a Deus por voce existir na vida do meu filho - ela disse me dando um beijo na testa, nem pudi responder nada pois o sono era tao grande, que eu capotei na hora.

                                                 ...

  Acordei de um pesadelo horrivel. E o quarto estava escuro, as janelas fechadas, levantei, liguei a luz, e procurei o Arthur, ai meu Deus. Tomei banho, vesti qualquer roupa leve e saí pela casa atras dele.
   Quando cheguei na varanda do jardim, encontrei ele sentado na grama, com a irmã, a mãe, o pai, todos sentados em uma mesa, debaixo de uma arvore, com umas lampadas antigas em cima

- Oi meu amor - ele disse sorrindo enquanto eu andava, tentando esticar meu moletom, pois estava frio ali fora
- Oi Thur - disse beijando eles
- Desculpe, vimos voce dormindo e nao quisemos acordar - Seu Pedro, pai do Arthur disse
- Obrigada, eu realmente estava cansada
- Entao amor, estamos jogando baralho, voce pode ir na proxima partida
- Certo - me encolhi nos braços deles, e fiquei olhando, ele rindo, descontraido, como alguem consegue ficar assim sabendo que pode morrer a qualquer hora? Eu queria poder mudar o mundo, adeus cancer, doenças, todos morreriamos de ri, ou de felicidade, ou morreriamos sem dor, sem sofrimento ou doença, morreriamos por que teriamos que morrer.
   Mas morreriamos com a certeza de que os laços que um dia uniram alguem a outra pessoa nunca iriam se romper, e que os mortos pudessem nos telefonar quando a saudade batesse.
  Esses espiritas dizem ver gente " do outro mundo " sera que se eu virar espitira, eu vou poder ver minha mae e o Arthur?! Sera?!

  Arthur me tirou da viajem nos pensamentos

- Alô, terra chamando a Mel
- Ai gente desculpa
- Magina. Voce quer jogar?
- Quero, voce me ajuda? Nao sou muito boa
- Claro

   Recebi minhas cartas, mostrei pro Arthur, que me ajudou a arrumar os conjuntos. Rimos demais a cada erro meu no jogo

- Naao amor - risos - Nao pode ser 10 com 8
- Mas elas sao pretas
- Mas tem que ter 8,9 e 10 - risos
- Isso é muito dificil gente
- Que nada. Vamos, vou te ajudar de novo...

   E assim nós passamos o restinho da noite, rindo, brincando, jogando papo fora, como se nada de ruim tivesse acontecendo.
   Quando chegou a hora do Arthur ir tomar os remedios, nós todos fomos dormir, Zezé ( outra funcionaria da casa ) Armou duas redes. E eu disse que quando ele fizesse xixi eu colocaria ele na rede. Por que Deus me deu forças, Deus me mostrou que o peso do corpo dele é o minino que eu vou carregar, pois vou passar a vida toda com o peso da saudade das costas, um peso que é beeem mais dificil de carregar do que aquele corpo enorme, aqueles musculos, e aquelas pernas, um peso que eu nao poderei jogar na rede, arrumar e depois pronto.